“Imagens valem mais que mil palavras”. “Entendeu ou quer que desenhe?” “O homem se comunica através de imagens desde que habitava cavernas”. Essas frases parecem clichês, mas trazem boas verdades.
Começamos a desenhar na parede das cavernas para registrar e transmitir conhecimentos e não paramos. Vemos ao longo da história evidências do uso de recursos visuais (pense em diagramas, ícones, pictogramas, esquemas, gráficos, mapas, ilustrações etc) em momentos variados, seja no protótipo do helicóptero feito por DaVinci há mais de quinhentos anos, no esboço da árvore da evolução de Charles Darwin em 1837 ou no rascunho para apresentação de patente do iPod em 2001.
Imagens e ilustrações criam sentido. Já foram usadas na definição de estratégias de conquista, descobertas, orientação geográfica e comunicação. Agora estamos dando ainda mais valor a algo que parecia ter se perdido no tempo ou deixado na mão de artistas.
Nossa sociedade é cada vez mais visual porque temos cada vez mais informações disponíveis e precisamos lidar com elas. Por isso, são necessários métodos que facilitem nosso convívio com o volume crescente de dados a serem analisados. Basta olhar para os celulares. Quem teve celular no início dos anos 2000 lembra que a tela só tinha texto (ou o jogo da cobrinha). Com a melhoria da tecnologia e o surgimento de aplicativos, tornou-se imprescindível o uso de interfaces visuais. Imagine seu smartphone com a infinidade de aplicativos, todos eles em um menu escrito.
Cada vez mais, pessoas e empresas tem dado mais atenção para o uso de imagens, mesmo que simples, para a comunicação de ideias. O uso do pensamento visual e do registro gráfico, por exemplo, tem sido um bom recurso para estruturar pensamentos e facilitar conversas. Mas aí fica a pergunta: “se usamos recursos visuais desde que habitamos cavernas, porque só agora estamos dando a devida atenção para eles nos diversos meios?” Vamos responder com uma fala de alguém que acreditava no poder dos recursos visuais:
Podemos usar dos recursos visuais para aprender e nos comunicar melhor, mas a maioria de nós não sabe que isso era possível. Nossa educação é focada no estímulo da escrita em detrimento da imagem. À medida que “amadurecemos”, os livros vão ficando cada vez menos ilustrados. Literatura ilustrada é para crianças. Desenho é para artistas. Qualquer variação disso – pense no seu colega de trabalho que desenha durante a reunião – é sinal de desvio da regra. Daí, criamos um abismo. De um lado, o desenho que foi abandonado nos primeiros anos da infância. Do outro, o adulto com terabytes de informações e centenas de páginas em Arial 12 e espaçamento simples.
Desenhar é possível. Desenhar é preciso.
Desenhar é possível. Porque é um comportamento aprendido e treinado, não um dom. Não é tarefa só para crianças ou artistas. Você aprendeu a dominar a linguagem escrita, que nada mais é do que um conjunto de símbolos que significam sons. Foi aos poucos, é verdade, mas aprendeu. Desenhar suas ideias é a mesma coisa, basta compreender os símbolos, ou o alfabeto e o vocabulário visual.
Desenhar é preciso. Assim como o navegar, não é só intuição ou sorte. É preciso porque é necessário, mas preciso também porque – como a escrita – exige técnica, treinamento, precisão. E, assim como a navegação, amplia horizontes.