Facilitação para Mobilizar
A facilitação gráfica é aquele processo em que uma pessoa transforma a essência da sua ideia – seja em um evento, palestra ou reunião – em um resumo ilustrado ao vivo. O ser humano, por natureza, é um ser visual, e os desenhos nos ajudam a entender melhor as pessoas e o mundo, já desde a época das cavernas! Então, por que abandonar isso agora?
Parte interessante desse processo é ver o painel tomar forma e visualizar suas ideias fazendo sentido com a dos outros. Interagir com o facilitador, e criar esse vínculo emocional com o conteúdo gera mais engajamento e deixa a mensagem bem mais fácil de entender. Por isso, o registro gráfico se torna uma ferramenta tão poderosa na mobilização de pessoas! Mas, afinal, o que é exatamente a mobilização social?
Mobilização social é quando as pessoas unem esforços para resolver um problema de interesse comum. Como vivemos em uma democracia, a interação entre o povo e o Estado é essencial para a verdadeira representação social, e, por isso, convocar essa ação é tão importante!
Com a síntese visual, o processo de escuta de grupos é um pouco diferente, e se torna também parte do processo da mobilização social. A escuta ativa acontece quando uma pessoa demonstra verdadeiro interesse pelo que o outro diz, evitando qualquer tipo de julgamento. É um interesse genuíno em entender a realidade do outro, compreender sua mensagem e como se expressa; ou seja, é um ouvinte ativo. Assim, é muito comum a conexão entre pessoas e grupos acontecer durante o processo da facilitação gráfica, quando todos estão mais abertos a ouvir empaticamente o que o outro tem a dizer.
Além de ter papel no engajamento, na escuta e na conexão entre pessoas, o resumo visual também tem um grande poder de inclusão e representatividade, já que todos participam ativamente na construção do painel. Na verdade, não é só o facilitador que faz o painel, é uma ação coletiva!
“A facilitação gráfica serve como uma ferramenta de escuta de pontos sensíveis em que certos grupos não são ouvidos”, segundo o Lucas Alves, facilitador gráfico da Ideia Clara. Ele ainda diz que quando registramos no papel essa falas, o grupo se sente acolhido e expressa com mais liberdade opiniões sobre fatos que os incomodam.
Acreditamos tanto no poder da facilitação gráfica, que, em 2017, colocamos em prática o poder dessa escuta. Diante de problemas que comunidades estavam enfrentando em Porto Alegre devido às chuvas, atuamos, junto ao Banco Mundial, em um projeto chamado “Convivendo com as Inundações”, que buscava ouvir as pessoas atingidas e propor soluções junto ao poder público. A primeira das ações foi o desenvolvimento de um vídeo animado para explicar sobre a gestão de risco de desastres e estratégias de enfrentamento, e você pode assisti-lo aqui:
Após a construção do vídeo, participamos de mais de dez rodas de conversa junto a diversos especialistas. As pessoas de cada comunidade se juntaram e contaram suas histórias, como enfrentam as inundações e enchentes. Ao final, criaram uma rede de apoio para enfrentamento de enchentes e inundações. Uma das coisas interessantes aqui é ouvir as pessoas que normalmente não são vistas pelo poder público, mostrar sua fala representada por meio de um desenho. Através disso, podemos afirmar que o que ela fala é importante!
O estudo traz um novo olhar sobre os impactos sociais resultados de desastres naturais que vão além das perdas humanas e dos danos materiais, sendo refletido até na cultura. Com isso, podemos pensar em soluções mais efetivas!
Através dessa ideia, criamos quadrinhos que contam a história das pessoas que participaram do projeto até antes do momento em que ele começou, e como todos podem fazer parte dessa iniciativa!
Você pode encontrar essa história aqui, e mais detalhes sobre o projeto no nosso e-book de storytelling!